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História de Amor

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Em muitos projectos é normal ouvir-se falar de histórias de sucesso, casos que demonstram bem o que se tenta fazer e, com muita força de vontade, se consegue, umas vezes mais que outras. São essas histórias que ajudam a entender o que se faz e o que o ser humano pode ser, quando quer realmente fazer acontecer.
A mim apetece-me contar antes uma história de amor.
Amor: tão falado, tão desejado, tão desprezado, tão repetido em páginas e páginas de alegrias e sofrimentos. Amor.
Será novamente repetido hoje, aqui. Era uma vez, era uma vez…
Tinha quinze anos quando deixou a casa dos pais. Casou com um homem mais velho, que tinha já dez filhos de mulheres diferentes. Cuidou de todos e a todos tratou como filhos. À pergunta: “Porquê casar tão cedo, mamã?”, a resposta é simples: “Tinha uma vida difícil e marido ajuda e protege”. Lembro os meus quinze anos e os meus sonhos de adolescência. A distância não é só em km…não é só cultural também. Somos as duas mulheres agora, o respeito por esta senhora aumenta todos os dias.
Tem agora quarentas, a nossa mamã. O marido já vai além dos setenta. Com ele teve mais três filhos. Entretanto, a irmã mais velha morreu. Ficou com os sobrinhos, três. Conheço-a porque ajudamos algumas destas crianças que vivem agora consigo através do nosso projecto.
Morreu também a irmã mais nova: ficou com mais crianças. Entretanto, a família do marido acha que é um abuso ter tantas crianças órfãs da família da mamã em casa e por isso deixa-lhe também em casa os filhos de uma irmã do marido que faleceu. Tem agora doze crianças a seu cargo. Uma está num lar em Milange, outra está na Casa Esperança. Quando vão de férias a casa, arranja-se milagrosamente espaço para todos.
O marido, que respeita e trata porque está doente, não tem um temperamento fácil. Disse-me que a ajudou porque permitiu que as crianças vivessem lá em casa. Sei que os manteve a todos na escola sem qualquer ajuda do marido. Sai muito cedo de casa todos os dias e vai trabalhar para a machamba. Ela e muitas outras mamãs. Volta a casa e trata deste batalhão de crianças, do marido doente, da casa…
Queixa-se, sim: a vida não é fácil, falta quase tudo, dorme pouco e mal. Mas não pára. Não esmorece. Não desiste. Quando me visita na casa esperança tem sempre um sorriso e um comentário para as nossas crianças…e sabe que muitos juntos é confusão. Pudera!!!
Quando a visito, oferece-me lanho e fica a conversar. Fala das crianças a seu cargo e há sempre uma aventura ou um carinho a mencionar: “Aquele, para não perder chinelo a brincar, usa nas mãos!!”; “Esse menino é muito carinhoso, nunca zanga…”
Tanto amor assim chega a ser complicado para quem vê. Faz-nos sentir pequeninos no mundo e grandes no coração. Faz-nos querer ser melhores e ter esta força que não sei donde vem, este amor que não tem preço, nem lotação… O amor desta mamã por estas crianças faz-nos calar. E assim me calo e vos deixo a pensar. 

Paula e Sara

6 Respostas

  1. Quando há amor numa casa enfrenta-se tudo. Este post é um dos que mais me marcou e emocionou. Andamos nos neste mundo a queixar-nos da vida, quando esta mulher sorri para todos apesar da dura vida que leva… continuem… beijo sara e amiga

  2. Olá meninas,

    Embora tenhamos tido o privilégio de conhecer esta mamã tão especial, nunca seríamos capazes de enaltecer, como vocês, a sua nobreza de carácter. É uma PESSOA que nunca esqueceremos… Bem hajam pela vossa sensibilidade, pela vossa capacidade de transmitir a todos nós que estamos num outro canto do mundo, com uma realidade tão diferente, em que o desperdício é a palavra de ordem, o consumismo uma filosofia de vida e o egocentrismo uma forma de estar, que afinal a desculpa de que não temos tempo para nos desdobrarmos não depende do tempo que roda freneticamente, mas da nossa vontade que deveria ser férrea, mas é amorfa… Pena é que as notícias que passam na televisão se foquem na violência que assola este mundo, em vez de se focarem nas coisas boas…

    Para nós é suficiente percebermos que fazemos parte dos homens bons, já que não somos capazes de cometer as barbaridades que outros são capazes, não somos corruptos, somos incapazes de bater em professores e muito menos de roubar ou matar… mas será que em vez de desperdiçarmos o nosso tempo a fazer julgamento de valores, não seríamos muito mais úteis em tentarmos recuperar o nosso ânimo e modificarmos, nem que seja um bocadinho, o que está mal? Convidamo-nos, a todos nós, a reflectirmos sobre as palavras de Baden Powell na sua Carta de Despedida em que sugere que tentemos “deixar este mundo um pouco melhor do que o encontramos.

    Para finalizar não queremos deixar também de sugerir o uso de folhas de goiaba nos relacionamentos humanos, pois, de acordo com opiniões sábias, ajudam a cimentar as mesmas… E mais palavras para quê?! Só queremos que nos confirmem esta afirmação e não há meio de o fazerem, afinal é verdadeira ou falsa? Aguardamos ansiosamente que nos confirmem esta certeza de alguns… Eh!Eh!Eh!Eh!Eh!

  3. Sorry, com o entusiasmo das folhas de goiaba até nos esquecemos de enviar beijos para todos e desejar que tenham uma boa Páscoa.

    As sisters

  4. Muito bom!
    Bjos Mininas

  5. Sin lugar a dudas,vuestra labor es impresionante,ya muchos jovenes tendria que tomaros como ejemplo,como trabajais y haceis un mundo si cabe mejor para esos enanos que es lo mas importante.
    Sois especiales.

  6. Ora bem, após tantos meses calado, mas sempre leitor da vossa escrita.. resolvi fazer um comentário para apenas dizer que é por estes casos de amor incondicional que todos os que estamos aqui e aí existimos! Acreditem que não me esqueço nunca de vocês.. nunca! Simplesmente sou pessoa cada vez mais, de menos palavras e mais actos! Ao vosso serviço SEMPRE! Saudades para as duas! Sinto a vossa falta!

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